Gestão Familiar X Família Empresarial
Gestão Familiar X Família Empresarial
“A empresa e a família só sobreviverão e se sairão bem se a família servir à empresa. Nenhuma das duas sobreviverá se a empresa for dirigida para servir à família”
Há mais de vinte anos trabalhando no mercado imobiliário, eu estudo e analiso suas características. Afinal, como nasce uma imobiliária? Há vários motivos, mas o mais recorrente é que, na maioria das vezes, o corretor de imóvel bem sucedido decide que é hora de empreender e abrir sua própria imobiliária. É quase uma decisão natural.
Na continuação do seu negócio e com o aumento da demanda por mão de obra, começa a encontrar nos familiares (esposa/marido e muitas vezes os filhos) profissionais de confiança para seguir em frente. O iniciador do processo mantêm-se se como comandante, e os outros iniciam seu trabalho na empresa no intuito de auxiliar este líder.
É provável que este processo resulte no que consideramos uma das maiores características de uma imobiliária pequena ou média no Brasil: a gestão familiar.
Se já não é fácil administrar os recursos humanos de uma empresa comum, imagine administrar os recursos humanos de uma empresa onde não é possível demitir um funcionário que não está adequado ou não apresenta resultados satisfatórios. Este é um dos muitos problemas que uma empresa com Gestão Familiar não profissionalizada apresenta.
Qualquer país sabe da importância das empresas familiares para sua economia e enganam-se aqueles que acreditam se tratar de médias e pequenas empresas. Existem grandes corporações com gestão familiar, mas isto é assunto para outro artigo.
Estas empresas também estão sujeitas às transformações na dinâmica dos negócios, ou seja, são sensíveis aos diferentes processos de um economia globalizada, dinâmica e que muda rapidamente de cenário. Como tornar as empresas familiares mais competitivas e com bom nível de gestão? Este é um desafio para qualquer gestor e ao mesmo tempo, fundamental para continuidade dos negócios e manutenção do controle da família sobre a empresa.
É preciso pensar na profissionalização da gestão que irá apoiar esse processo de mudança organizacional minimizando riscos e fortalecendo o empreendimento. Só para ter uma ideia, de cada 100 companhias de comando familiar, apenas 30 chegam à segunda geração e somente 5 conseguem alcançar a terceira.
Nesta série de 03 artigos sobre gestão familiar iremos tratar os principais problemas enfrentados por gestores deste formato de negócio. Neste primeiro artigo, pontuaremos alguns problemas e tenho certeza que muitos de vocês vão se identificar com os casos descritos.
Nestes mais de vinte anos, observo alguns problemas recorrentes nestas empresas. A estrutura organizacional informal não deixa claro quem responde pelo quê para os demais funcionários e a situação piora com um organograma mal definido; a divisão de tarefas não considera competências; com exceção do diretor/fundador, há uma total ausência de hierarquia; as contratações são feitas na base da amizade ou familiares ao invés de profissionais; os familiares criam expectativas de ascensão rápida e em contrapartida funcionários profissionais vêm reduzidas as possibilidades de crescimento profissional em detrimento a membros da família.
Com uma gestão na maioria das vezes desorganizada, o líder–multifuncional é sobrecarregado de tarefas e tem a sensação de que faz tudo sozinho. É comum ocorrer centralização de tomada de decisões e o não compartilhamento das estratégias pensadas. Há casos ainda mais graves que incluem resistência à modernização e ausência de planejamento financeiro, e em meio a tudo isto, a sucessão acaba não sendo discutida.
Aparentemente, este é um cenário desolador, mas acreditem, todos estes problemas são naturais e podem sim ser bem administrados de forma a levar as empresas a resultados de sucesso. No próximo artigo, falaremos sobre exemplos de casos bem sucedidos e de como o processo sucessório pode ser uma experiência enriquecedora para todos.
Encontrou alguns pontos em comum? Identificou exemplos que observa na sua empresa? No próximo artigo daremos exemplos de como a diversificação de produtos e o marketing foram decisivos no sucesso de uma empresa familiar em processo de sucessão.
Andrea Moresco
Excelente matéria!.É bem isso que acontece .rsrsrs…mas acredito que se todos dirigentes tiverem bom caráter e boas virtudes tudo se supera!!
Ramiro Helmer
Excelente colocação sobre a realidade quando se fala de empresas familiares!